Conforme elucida Bruno Garcia Redondo, a transformação digital na administração pública vai além da simples digitalização de documentos ou da informatização de processos. Trata-se de uma mudança estrutural que envolve cultura organizacional, modelos de gestão, competências digitais e uma reconfiguração dos serviços públicos centrados no cidadão.
O governo digital busca utilizar tecnologias emergentes — como inteligência artificial, big data, blockchain e automação — para melhorar a eficiência, a transparência e a acessibilidade dos serviços públicos. A meta é oferecer soluções mais ágeis, menos burocráticas e com foco na experiência do usuário, transformando a lógica tradicional da administração estatal, que muitas vezes se mostra lenta, complexa e ineficiente.
Por que a burocracia ainda é um entrave tão grande nos serviços públicos?
A burocracia no setor público, embora originalmente desenhada para garantir controle, equidade e padronização, se tornou sinônimo de lentidão, rigidez e excesso de procedimentos. Regras obsoletas, falta de interoperabilidade entre órgãos, baixa capacitação digital e a resistência à mudança são fatores que perpetuam sistemas engessados.

Além disso, Bruno Garcia Redondo explica que muitas vezes o cidadão é obrigado a servir à máquina pública, e não o contrário. Essa inversão de lógica cria um ciclo de insatisfação e ineficiência. A transformação digital surge justamente como uma oportunidade para romper com esse paradigma, ao simplificar fluxos, automatizar tarefas repetitivas e permitir que o foco seja redirecionado para as reais necessidades da população.
Como a digitalização pode reduzir a burocracia?
Ao digitalizar serviços, o Estado tem a chance de redesenhar processos e não apenas replicar o que já existia no papel. Segundo Bruno Garcia Redondo, a automatização de protocolos, a integração de bases de dados e o uso de sistemas inteligentes tornam possível eliminar etapas desnecessárias, reduzir filas, minimizar erros humanos e acelerar a tomada de decisões.
Por exemplo, serviços como emissão de certidões, agendamento de atendimentos e solicitação de benefícios podem ser acessados 24h por dia por meio de plataformas digitais, com autenticação via gov.br e integração com bancos de dados federais, estaduais e municipais. A transformação digital eficaz evita que o cidadão precise apresentar várias vezes os mesmos documentos a diferentes órgãos, reduzindo custos e desgastes.
Quais são os maiores desafios enfrentados pelo poder público na implementação da transformação digital?
Apesar das inúmeras vantagens, o caminho para uma administração pública digitalizada está repleto de obstáculos, menciona Bruno Garcia Redondo. A fragmentação institucional, a falta de recursos financeiros, a ausência de um planejamento estratégico integrado e a resistência cultural à inovação são os principais entraves.
Ademais, é necessário lidar com desigualdades regionais, tanto em infraestrutura tecnológica quanto em capacitação de servidores e acesso dos cidadãos aos meios digitais. A transformação digital exige um alinhamento entre diversas esferas de governo, segurança cibernética robusta, investimentos contínuos em tecnologia e um forte comprometimento político com a modernização do setor público.
Em conclusão, para Bruno Garcia Redondo, o futuro da administração pública em um mundo digital é o de um Estado mais transparente, participativo e orientado por dados. No entanto, esse futuro só será possível se houver um compromisso contínuo com a ética, a proteção de dados, a governança digital e a escuta ativa da sociedade. A transformação digital não é um destino final, mas uma jornada constante de aprimoramento e adaptação a novas realidades sociais e tecnológicas.
Autor: Aleksandr Ivanov